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segunda-feira, 9 de maio de 2011

ORIGENS DA POESIA GAUCHESCA IV


A poesia pampeana, em suas origens platinas, deve muito de sua divulgação aos "bailes de rancho", onde figurava como letra das músicas que embalavam aquelas festas. Dentre estas, uma das mais populares era chamada "gato". Segundo Ventura Lynch ("El Gaucho - Grandes Obras de la Literatura Gauchesca", Ed Plus Ultra, Bs Aires)esta composição podia ser dividida em "gato simplemente", "gato con relaciones" e "gato correntino". No "gato simples", o guitarreiro canta uma copla de intervalo em intervalo, a qual os dançarinos acompanham sapateando; no "gato con relaciones", entre copla e copla, uma vez o homem diz um verso e na outra responde-lhe a dama.
Além do "gato", havia o "estilo", sobre os quais afirma Ventura Lynch: "A melodia dos estilos é interminável. Neles se encontra a inspiração, a ideia desenvolvida ao modo do gaúcho, prescindindo por certo de regras para expressar-se".
Após o "estilo", temos o "triunfo" e o "marote", em que as guitarras tocavam em ponteados. Como baile pitoresco, havia o "palito", com letras em geral maliciosas e mesmo obscenas. A bem da verdade, estes bailes só aconteciam entre grupos da mais íntima confiança. Em contrapartida, as "huellas" eram "um grito de alegria, um suspiro e um sorriso, uma lágrima e uma gargalhada" (Ventura Lynch). Outros bailes eram conhecidos por "pericon", onde se dançava quadrilhas; o "prado", em que homem e mulher ficavam frente a frente e, apenas começava a música, dançavam acenando seus lenços, até que o cantor entoasse "De vuelta mi vida", quando o homem recolhia os lenços e iniciava o sapateado; a "firmeza", mais antiga, em que, para Lynch, "tanto a música como a letra não tinham graça nenhuma"; e os mais conhecidos, como o "malambo" e a "milonga".Importada do Perú, veio a "zambacueca", e da região de Dolores, a "chacarera". Havia, ainda, a "media caña", os "aires", os "cielos", a "mariquita" e os "tristes".
Abaixo, uma pequena amostra de versos que embalaram estes bailes de rancho:

GATO

Si me quieres te quiero
si me amas te amo;
si me olvidas te olvido:
yo a todo me hago.

Si tu madre te manda
cerrar la puerta,
Hacé sonar la llave
dejála abierta.


TRIUNFO

Este es el truinfo, madre,
dueña del alma,
más quiero dulce muerte
que vida amarga.

No hay medida que mida
mi desventura,
ní amargor más amargo
que mi amargura.


HUELLA

Dicen que las muchachas
de quince a veinte
son iguales al dulce,
pican los dientes.

A la huella, la huella,
dame los dedos
como se dan las manos
los aparceros.


PALITO

El pobre palito enfermo
tiene ganas de comer
y el medico le receta
rabadilla de mujer,
así no más es.


CHACARERA

Bailecito que me gusta
es el de la chacarera,
porque le digo a las niñas
jugando, pero es de veras.

Chacarera me has pedido,
chacarera te he de dar,
porque tengo la costumbre
el no hacerme de rogar.


RELACIONES

Homem: - Sos chiquita y bonita
no tenés comparación
sos la hermana de la luna
y sos prima del sol.

Mulher: - Soy una paloma nueva
que ahora empieza a volar,
no me digan relaciones
porque no sé contestar.



Imagem: "Baile de Campo", de Pedro Figari Solari, pintor, advogado, político, escritor e jornalista uruguaio (Montevideo, 1861-1938)